segunda-feira, 28 de maio de 2007

Discussão

Moscovici, dentre outros teóricos, destaca que o homem não absorve os conteúdos tais quais lhe são repassados. Ao contrário, segundo ele, os sujeitos os reformulam quando com eles se deparam. Essa reformulação ocorre principalmente devido ao fato de o indivíduo ser ativo e não meramente passivo diante do mundo. Ele pode às vezes simplesmente reproduzir os significados recebidos, mas em outras, a apropriação que faz da realidade passa por um processo de reorganização dos significados que lhes foram fornecidos. Uma das maneiras do indivíduo se apropriar dos aspectos da realidade seria via representação social, compreendida como “uma forma de conhecimento elaborado e compartilhado, tendo uma perspectiva prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social” (MOSCOVICI, 1978).

Segundo Jodelet (1986) é a representação social desenvolvida no próprio processo de interação social, particularmente, naquelas situação relativas à difusão dos conhecimentos artísticos e científicos. De acordo com o autor, as representações sociais poderiam ser consideradas, num sentido mais amplo, como uma forma de pensamento social, da mesma forma que esse pode ainda ser concebido como a realidade que é formulada pelos sujeitos dos diversos segmentos de uma sociedade. São esses significados compartilhados que possibilitam a construção de perspectivas comuns.

Segundo Chacón (2003) tanto os professores como os alunos possuem visões próprias sobre a matemática e seu ensino, e que esses conhecimentos subjetivos podem acarretar um obstáculo a respeito de mudanças. Se o professor se permitir práticas de ensino diferentes, poderá encontrar resistência por parte dos alunos, já que estes podem deter algumas crenças sobre como deve ser a aprendizagem da matemática. Sob este aspecto poderão manifestar reações emocionais negativas. O professor deverá ajudar os alunos a saírem deste estado de bloqueio a partir de atividades matemáticas compreensíveis e relacionadas com a sua realidade. Tanto as exigências cognitivas quanto às afetivas são importantes para a aprendizagem.

Para Jodelet (2001) as representações são frutos da interação entre indivíduos, integrados em determinadas culturas que, ao mesmo tempo, constroem e produzem uma história individual e também produzem uma história social. Dessa forma, a maneira como os amigos, os familiares, os meios de comunicação social e a própria escola, concebem a matemática (valorizando-a mais ou menos, considerando-a mais ou menos difícil, mais ou menos útil, mais ou menos interessante, etc.) contribui, conjuntamente com os dados da sua experiência individual, para a forma como o indivíduo vai construindo a sua representação da matemática.


CHACÓN, M. I. G. Matemática Emocional: os afetos na aprendizagem matemática. Porto Alegre: Artmed, 2003.
JODELET, D. La representación social: fenômenos, concepto y teoria. In: MOSCOVICI, S. (org). Psicologia Social. Barcelona: Pidós, 1986, v.1. p. 469-494.
JODELET, D. (org.) As representações sociais. Rio de Janeiro: Ed. Uerj, 2001.
MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.


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